Como está no planeamento desta
semana, irei falar sobre o futuro da música com a utilização dos sistemas
computacionais. Podemos chamar-lhe a era da “Música Computacional”.
Nos últimos 25 anos os
computadores vêm sido aplicados na análise e síntese de composições musicais e
de sons.
O primeiro trabalho produzido
(nos meados da década de cinquenta) era centrado na utilização de computadores
para compor música (síntese de partitura) de acordo com regras de composição
expressas por meio de linguagens de programação. Desde então os computadores vêm
sendo utilizados para estudar várias propriedades de partituras musicais
(análise de partitura) por musicólogos interessados em verificar, por exemplo,
a autenticidade da autoria de certas obras musicais, assim como para investigar
os modos extremamente subtis e variados nos quais ouvimos os sons musicais
(análise de som). Os computadores são utilizados para criar sons (síntese de
som).
Hoje a maioria das referências à
música computacional dizem respeito à área de síntese de som: a utilização de
computadores como instrumentos musicais. A música computacional provém, por
default, da linhagem da música eletrónica, porém tem muito pouco a ver com a
música eletrónica "tradicional".
A música computacional é uma das
atividades mais interdisciplinares que existem, englobando muitos aspetos de
música (composição, performance, musicologia), ciência da computação
(programação, inteligência artificial), engenharia elétrica (circuitos analógicos
e digitais, arquiteturas de máquinas, processamento digital de sinal),
psicologia (perceção, cognição) e física (acústica).
Os Meios (Instrumentos)
Os computadores processam
informação. Os padrões de bits dentro da memória de um computador podem ser utilizados
para representar virtualmente qualquer coisa, inclusive sons musicais ou regras
para composição.
Com o avanço das técnicas de
gravação digital, temos a capacidade de incluir qualquer som natural numa peça
de música computacional, exatamente como os sons naturais foram incluídos em
outras formas de música eletrónica quando da evolução do gravador de fita, no
final da década de quarenta.
Além disto, estes sons podem ser
alterados pelo computador através das técnicas de processamento digital de sinal.
Os computadores podem produzir
virtualmente qualquer som que possa provir de um altifalante, desde que
tenhamos a "receita" para ele. Podemos controlar precisamente a
altura (se tiver alguma), a intensidade e o timbre (brilhante, penetrante, velado,
estrondoso, ou qualquer combinação de uma miríade de qualidades).
Objetivos
A música computacional tem como
objetivo: produzir novos instrumentos,
nova música e novo conhecimento sobre música. A nova música explora a vasta
área dos sons que somente podem ser realizados com computadores.
A Música
A música computacional diz
respeito ao modo dentro do qual alguma música é feita, e não ao modo como ela
soa. Computadores, como pianos, podem ser utilizados para fazer qualquer
espécie de música, sendo isto dependente da pessoa que cria a obra. Esta pode,
inclusive, soar bastante tradicional - os computadores podem sintetizar
harmonias, melodias e ritmos tradicionais da mesma forma como podem sintetizar
qualquer outra coisa a mais.
Por outro lado, a maioria dos compositores
contemporâneos são atraídos pela capacidade exploratória dos computadores, da
mesma forma como são atraídos pelos aspetos similares da música para
instrumentos tradicionais.
As Pessoas
A
síntese de música computacional foi pela
![]() |
Laboratórios Bell |
primeira vez realizada nos Bell Laboratories, estes também nos trouxeram o cinema sonoro, o
som estereofónico, a fala sintetizada por computador, o transístor, o laser e os
satélites de comunicação geossíncronos, para nomear algumas poucas realizações.

Instalações
de maiores dimensões para a música computacional existem na Stanford University, na University of Califórnia em San Diego,
no Massachusetts Institute of Technology
e no Institute de Recherche et
Coordination Acoustique/Musique (IRCAM), em Paris.
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Lejaren Hiller |
Nos meados da década de sessenta,
John Chowning montou a primeira
instalação universitária de música computacional na Stanford University Canadá.
Desde esta época, a música
computacional vem sendo praticada maior parte nos Estados Unidos, Suécia,
França, Canadá, Austrália, Itália e Áustria.
O Futuro
A música computacional floresceu
nos Estados Unidos primariamente porque o seu sistema universitário não separa
com muita relevância as artes e as ciências da tecnologia.

Podemos olhar para um futuro, em
que os instrumentos musicais baseados em computador tornar-se-ão disponíveis a
qualquer um que esteja interessado em participar da exploração da música.
Os instrumentos musicais futuros
não produzirão sons fixos, nem um conjunto fixo de sons predefinidos, mas serão
programáveis - como computadores - permitindo aos músicos delinear não somente
como os sons serão combinados, mas também a natureza básica dos próprios sons.
Beatriz